RUMO A MAQUINOATIVAÇÃO
...desperto, após a passagem do limite encontrado entre um campo e outro, atravessei essa zona pantanosa da fronteira. Tudo era intenso, porque tudo era mistura pura, nada de mais importante, nada de menos importante. As coisas, pessoas, informes e conhecimentos estavam instalados sobre uma sopa de geléia real. Um caos amorfo, vertiginoso, plural e sempre. Ainda estou sobre o desassossego da carne viva. Meu corpo vibra ainda na intensidade do desejar.
(ciborgue, acrílico sobre tela, andre nunes, 2006)
porque quando quero passar
sou Deus.
Tirem esse lixo da minha frente,
tirem esse lixo da minha frente.
Daqui pra frente...
tudo isso é letra que mata
e não o espírito que dá a vida...”
Fernando pessoa
Hoje, eu posso dizer que sei o que meu Zaratustra1 sentia toda vez que dava voltas em busca da procura do que era super em si mesmo. Visto que depois de uma gravitação grave, o retorno cobra de cada um alguma forma de sentido para parte das afetações sofridas nesse deslocamento. Eu tenho agora, que o que desenvolvo enquanto tramagem dessa textura é presente _ a forma-verbo, que conjugar todas as verbalidades da vida nesse presente instante em que tu lês essas páginas, visitante.
Numa espécie de conversação eu me encontro aqui contigo, e posto que as margens que norteiam essas palavras apresentam a ti um cabimento suportável para a experimental experiência que desenvolto desenvolvo.
Ponho-me a varrer o chão do apartamento e embaixo da cama de meus sonos encontro um papel quase em branco por completo, não fosse o traçado do desenho de palavra memória inscrita na parte superior desse.
E o que me lembro é instante-já 2, da ordem do agora e sempre, é acontecimento, é sentido instaurado no durante, fluxo-corte-fluxo. Pois o que te apresento é tentativa de manifestação-designação-significação dessa mistura de corpos de um evento que beira o mágico que é o acontecimento lingüístico. Atribuo sentidos, percebe? Atribua sentidos e dê a esses suas instâncias paradoxais, seja beneficiário e vítima dessa tradição linguística 3.
E o que me lembro é instante-já 2, da ordem do agora e sempre, é acontecimento, é sentido instaurado no durante, fluxo-corte-fluxo. Pois o que te apresento é tentativa de manifestação-designação-significação dessa mistura de corpos de um evento que beira o mágico que é o acontecimento lingüístico. Atribuo sentidos, percebe? Atribua sentidos e dê a esses suas instâncias paradoxais, seja beneficiário e vítima dessa tradição linguística 3.
Instale fenômenos, percepções, tarefas, ações, ocupações, conversas, encontros, acontecimentos, eventos, agenciamentos... o que te proponho nessa textura é apresentações de mundos e realidades. Te aviso, visitante, que há lembretes a serem dados: ... lembretes esses capturados no transcorrer do continuum de atividades nos quais a vida humana converge. São lembretes construídos, lembretes que nos remetem a possibilidade de instalação de uma força-tarefa, força essa que exige de cada um mais imaginação do que inteligência, como nos alerta Einstein. Força Tarefa, porque a hora, o agora, o instante-já é de rever as estratégias de A T A Q U E. Essa é a nossa tarefa, posso assim chamar de nossa, quando eu e tu se encontram?
Uma força, uma tarefa, uma força-tarefa...o que vem a ser uma tarefa?http://maquinomovel.blogspot.com/2007/07/fora-tarefa.html
Uma força, uma tarefa, uma força-tarefa...o que vem a ser uma tarefa?http://maquinomovel.blogspot.com/2007/07/fora-tarefa.html
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(entre, xilogravura, andré nunes, 2007)
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1)“ Meus amigos, ando entre os homens como entre fragmentos e membros de homens. /Para os meus olhos o mais horrível é vê-los destroçados e divididos como em campo de batalha e de morticínio./ E se os meus olhos fogem do presente para o passado, sempre encontram o mesmo: fragmentos, membros, e casos espantosos... mas homens, não!/ O presente e o passado sobre a terra... ai meus amigos, eis para mim o mais insuportável; e eu não viveria se não fosse um visionário daquilo que há de vir./Um vidente, um voluntário, um criador, um futuro e uma ponte para o futuro – e também, ai, até certo ponto, um aleijado no meio dessa ponte: tudo isso é Zaratustra...” ( Friedrich Nietzsche, assim falou Zaratustra, p.113-114.)
2)“ mas o instante já é um pirilampo que acende e apaga, acende e apaga. O presente é o instante em que a roda do automóvel em alta velocidade toca minimamente no chão. E a parte da roda que ainda não tocou, tocará num imediato que absorve o instante presente e torna-o passado. Só que aquilo que capto em mim tem, quando está sendo agora transposto em escrita, o desespero das palavras ocuparem mais instantes que um relance de olhar. Mais que um instante, quero o seu fluxo.” (Clarice Lispector, Água viva, p.16)
3)“ Para formular e exprimir o conteúdo desta sabedoria limitada, o homem inventou, e aperfeiçoa incessantemente, esses sistemas de símbolos com suas filosofias implícitas a que chamamos idiomas. Cada um de nós é, a um só tempo, beneficiário e vítima da tradição lingüística dentro da qual nasceu – beneficiário, porque a língua nos permite acesso aos conhecimentos acumulados oriundos da experiência de outras pessoas; vítimas, posto que isso nos leva a crer que esse saber limitado é a única sabedoria que está a nosso alcance; e isso subverte nosso senso da realidade, fazendo com que consideremos essa noção como a expressão da verdade e nossas palavras como fatos reais.” (Aldous Huxley, As portas da percepção e céu e inferno,p.10.)
1)“ Meus amigos, ando entre os homens como entre fragmentos e membros de homens. /Para os meus olhos o mais horrível é vê-los destroçados e divididos como em campo de batalha e de morticínio./ E se os meus olhos fogem do presente para o passado, sempre encontram o mesmo: fragmentos, membros, e casos espantosos... mas homens, não!/ O presente e o passado sobre a terra... ai meus amigos, eis para mim o mais insuportável; e eu não viveria se não fosse um visionário daquilo que há de vir./Um vidente, um voluntário, um criador, um futuro e uma ponte para o futuro – e também, ai, até certo ponto, um aleijado no meio dessa ponte: tudo isso é Zaratustra...” ( Friedrich Nietzsche, assim falou Zaratustra, p.113-114.)
2)“ mas o instante já é um pirilampo que acende e apaga, acende e apaga. O presente é o instante em que a roda do automóvel em alta velocidade toca minimamente no chão. E a parte da roda que ainda não tocou, tocará num imediato que absorve o instante presente e torna-o passado. Só que aquilo que capto em mim tem, quando está sendo agora transposto em escrita, o desespero das palavras ocuparem mais instantes que um relance de olhar. Mais que um instante, quero o seu fluxo.” (Clarice Lispector, Água viva, p.16)
3)“ Para formular e exprimir o conteúdo desta sabedoria limitada, o homem inventou, e aperfeiçoa incessantemente, esses sistemas de símbolos com suas filosofias implícitas a que chamamos idiomas. Cada um de nós é, a um só tempo, beneficiário e vítima da tradição lingüística dentro da qual nasceu – beneficiário, porque a língua nos permite acesso aos conhecimentos acumulados oriundos da experiência de outras pessoas; vítimas, posto que isso nos leva a crer que esse saber limitado é a única sabedoria que está a nosso alcance; e isso subverte nosso senso da realidade, fazendo com que consideremos essa noção como a expressão da verdade e nossas palavras como fatos reais.” (Aldous Huxley, As portas da percepção e céu e inferno,p.10.)
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